Trazendo-lhe as últimas investigações sobre Ellen G. White
Muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
1 João 4:1 "Estes livros... suportam a prova da investigação" |
O Dilema dos 2300 Dias
1844 Made Simple (1844
Simplificado)
(Traduzido para o português por Marta Martins Barrionovo)
“Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs; e o santuário será purificado” Dan.
8:14. |
Os
Adventistas do Sétimo Dia têm uma interpretação verdadeiramente singular de
Daniel 8, diferente de qualquer outra denominação cristã. Este artigo examinará
os ensinamentos adventistas do sétimo dia sobre Daniel 8 e a profecia dos 2300
dias.
Para entender os 2300 dias, devemos compreender a
identidade do chifre pequeno de Daniel 8:9, porque é este chifre pequeno o que
desolará o santuário durante 2300 dias. Os adventistas do sétimo dia ensinam
que o chifre pequeno de Daniel 8 é o poder romano. O pioneiro e teólogo
adventista J. N. Andrews escreve:
Em conseqüência, as atividades atribuídas a este
“chifre pequeno” de Daniel 8:10-13, 23-25; 11:31; e 12:11 entende-se como que
abrangendo Roma tanto pagã como papal em suas esferas de ação. (The Prophecy of Daniel, The Four Kingdoms,
The Sanctuary, and the 2300 Days, pp. 69-70).
O guru adventista de profecia Urias Smith nos assegura
que não tem nenhuma outra explicação possível:
Roma satisfaz todas as especificações da profecia. Nenhuma
outra potência o faz. Por isso, Roma e nenhuma outra é a potência em questão. (Daniel and the Revelation, p. 162)
É verdade que somente Roma pode representar o chifre
pequeno de Daniel 8? Examinemos a evidência!
Segundo os ensinamentos ASD, o chifre pequeno de
Daniel 7 e o chifre pequeno de Daniel 8 são a mesma potência. Embora é verdade
que ambas são descritas como chifres pequenos, logo descobriremos que a
semelhança termina aí.
Primeiro, há uma importante troca de ênfase no livro
de Daniel entre os capítulos sete e oito:
Daniel
7
|
Daniel
8
|
Potências mundiais representadas por bestas
imundas |
Potências mundiais representadas pelos animais
de sacrifício do serviço do santuário. |
Escrito em aramaico um idioma
gentio Isto poderia indicar que foi escrito para ser lido pelo mundo
gentio |
Escrito em hebraico. Isto poderia
indicar que foi escrito para ser lido pelos judeus. |
A ênfase profética se dirige ao mundo
inteiro |
Enfatiza os serviços do santuário
judaico. |
Estas diferenças indicam que, embora o capítulo 7 dê
enfoque ao mundo em geral, o capítulo 8 se concentra sobre os acontecimentos
futuros de interesse particular para Israel.
Diferenças entre os chifres
pequenos de Daniel 7 e Daniel 8
Agora examinemos as diferenças específicas entre o
chifre pequeno de Daniel 7 e o chifre pequeno de Daniel 8:
O
chifre pequeno de Daniel 7
|
O
chifre pequeno de Daniel 8
|
|||
Está associado a uma besta que representa
o quarto império. |
Está associado a uma besta que representa
o terceiro império. |
|
||
Surge diretamente da cabeça da
besta. |
Surge de um chifre já existente. |
|
||
Aparece em meio aos 10 chifres já
existentes (o que, segundo a teologia ASD, ocorre depois que o quarto
poder se dividiu em 10 partes). |
Não
nasce da cabeça do bode
|
|
||
É um poder recente, novo, que
surge do corpo do antigo império e em meio de suas várias partes. |
Sai de um dos quatro chifres da cabeça do
bode |
|
||
É um chifre que nasce de uma besta. |
É um chifre que nasce de um chifre. |
|
||
Arranca três chifres durante seu
surgimento. |
Não arranca nenhum chifre durante seu
surgimento |
|
||
Diz-se ser diferente dos outros 10
chifres, indicando que este chifre seria um poder novo e diferente. |
Nada indica que este chifre seja novo ou
diferente em maneira alguma. |
|
||
As palavras aramaicas para chifre pequeno
em 7:8 se traduzem precisamente como “outro chifre, um pequeno” |
As palavras hebraicas para chifre pequeno
em 8:9 se traduzem precisamente como “um chifre de pequeno tamanho”. |
|
||
É “mais robusto do que seus
companheiros” (v. 20). Em outras palavras, representa um poder mais forte
que os que estão simbolizados pelos outros 10 chifres. |
É um chifre que sai de um chifre, um “chifre
de pequeno tamanho”. É insignificante quando se compara com os quatro
“chifres notáveis” e o chifre original alexandrino do bode. |
|
||
Seu campo de influência é a totalidade do
quarto império, pois surge da cabeça da besta e se converte no chifre
dominante entre os outros dez chifres. |
Pertence somente a uma das quatro
divisões do poder do bode. Sua
atenção se restringe principalmente a uma província menor de uma divisão do
império do bode, ou seja, a “terra gloriosa” do versículo 9, que é a
Palestina. |
|||
Se levanta contra “o Altíssimo” e os
“santos do Altíssimo”. Estes são os santos de Deus através de todo o
quarto império. |
A malevolência é dirigida contra o povo
judeu, seu sumo sacerdote, os sacrifícios, e o santuário. A atmosfera e o
aspecto do capitulo 8 indicam uma batalha local e levítica. |
|
É óbvio que há muitas e significativas
diferenças entre o chifre pequeno de Daniel 7 e o chifre pequeno de Daniel 8.
Há também diferenças no momento em que as pontas chegam ao cenário da história.
“De um dos chifres saiu um
chifre pequeno, e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a
terra gloriosa” Daniel 8:9.
Daniel 8:9 diz que o chifre pequeno teria
sua origem nas divisões do império de Alexandre, “no fim do seu reinado” (v.
23). Isto nos aponta a um poder que se originou no mundo grego em algum momento
depois do ano 300 AC. Roma nunca foi parte do império de Alexandre, nem se
originou de uma das divisões do império grego. Roma surgiu na Itália e foi
fundada no ano de 750 AC. Roma se converteu em República no ano 509 AC e não
conquistou as quatro divisões do império grego. Isto é prova adicional de que
Roma não surgiu de nenhuma das quatro divisões do império de Alexandre.
Portanto, Roma não se encaixa no símbolo profético de um chifre que surge de um
chifre dentro do império grego.
O “chifre pequeno” de Daniel 7 não teve
seus começos senão até que a quarta besta se dividiu em dez reinos, o que
ocorreu 476 anos depois de Cristo! O chifre pequeno de Daniel 8 havia de surgir
“no fim do seu reinado” (v. 23). “O seu reinado” se refere às quatro divisões
do Império Alexandrino. Portanto, o chifre pequeno de Daniel 8 havia de
levantar-se seis séculos antes que existisse o
chifre pequeno de Daniel 7!
Segundo os adventistas, os 2300 dias
começaram no ano 457 AC. e terminaram no ano 1844 D.C. Supõe-se que, durante
esse período de tempo, o chifre pequeno de Daniel 8 “pisou aos pés” o
santuário. De acordo com os ensinamentos adventistas, isto começou quando Roma
pisoteou o santuário terrestre e logo se converteu em Roma papal que pisoteava
o santuário celestial. Isto apresenta vários dilemas:
1.
Roma não teve nenhum contato com os judeus senão no ano 161 AC. Como
poderia o chifre pequeno haver começado sua obra no ano 457 AC, 296 anos
antes de entrar em contato com os judeus?
2.
Roma não
importunou os judeus senão depois de que a Palestina se converteu em parte do
Império Romano no ano 63 AC. Como pode o chifre pequeno “pisotear” o santuário
durante quase 400 anos sem haver molestado jamais o serviço do santuário?
3.
Se Roma papal
é o chifre pequeno de Daniel 8 durante a última parte dos 2300 dias, que
ocorreu a Roma papal em 22 de outubro de 1844? Por que não há nenhum
acontecimento na história papal que coincida com o final dos 2300 dias?
4. Se Roma papal não perseguiu os judeus nem deteve os sacrifícios no ano 457 AC, e se não há nenhum acontecimento na história papal que coincida com a terminação dos 2300 dias em 1844, como podemos então, vincular Roma a esta profecia?
Daniel 8 não diz que os quatro
chifres foram absorvidos pelo chifre pequeno, como as quatro divisões do
império de Alexandre foram absorvidas por Roma. A aplicação a Roma converte a
profecia em algo bastante diferente do que indicam os símbolos de Daniel.
Quem lê o capítulo inteiro não pode deixar
de ver que um acontecimento se segue ao outro.
1.
O surgimento
do “chifre grande” (Alexandre) ocorre primeiro
2.
Governa por
um tempo e é “destruído”
3.
Seu império
se divide em quatro novos impérios
4.
O “chifre
pequeno” aparece em cena DEPOIS dessa divisão!
Um
acontecimento depende do outro e podemos seguir o curso deles através da
história. Agora, consideremos cuidadosamente a seguinte cronologia:
1.
Alexandre
morreu no ano 323 AC.
2.
O império de
Alexandre se dividiu no ano 301 AC.
3.
O chifre
pequeno não poderia haver aparecido no cenário DEPOIS desta divisão!
Como poderia o chifre pequeno
estar ativo no ano 457 AC quando a profecia não mostra que surgiria senão
depois do ano 301 AC?
“Mas, no fim do seu reinado (das
quatro divisões do império grego), quando os prevaricadores acabarem,
levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de intrigas” (8:23).
Não pode haver nenhuma dúvida de que aqui
Gabriel identifica o “chifre pequeno” do versículo 9 como “um rei de feroz
catadura”. A palavra hebraica para
“rei” no versículo 23 é melek, e significa “um rei, rei real” (Strong).
A palavra melek não se traduz nunca como “reino, ou poder mundial, ou
império”.
Gabriel usa a mesma palavra hebraica melek
para identificar o chifre grande do bode no versículo 21, o qual todos os
eruditos bíblicos concordam que se refere a Alexandre.
No versículo 23 (vê-se mais acima), a
palavra “reinado” vem da palavra hebraica malkuth, que significa “um
domínio, império, reino, reinado, reino, real” (Strong). Portanto, Gabriel fez
uma óbvia distinção ao usar estas duas palavras. Eis aqui o que Gabriel disse:
De um malkuth (domínio,
reinado, império, reino) se levantará um melek (governante, rei).
Procedendo desde o versículo 23, se faz
referência ao rei em uma forma pessoal. As palavras “seu” e “ele” parecem 10
vezes nos versículos subseqüentes, 24 e 25. Isto denota que se refere a um
indivíduo, não a um poder mundial.
Se o chifre pequeno não é Roma, então quem
é? Há uma opinião quase unânime entre os eruditos bíblicos de todas as
denominações–judeus e cristãos, e até alguns destacados eruditos adventistas–de
que o chifre pequeno é Antíoco Epífanes. Ao examinar a evidência que segue,
parecerá abundantemente claro que Antíoco Epífanes cumpre com exatidão todas as
especificações de Daniel 8. Não se pode dizer o mesmo de Roma.
O ato de que o chifre pequeno começou sua
obra muito antes de que Roma tivesse algum contato com os judeus, e de que o
chifre pequeno surgiu de uma das divisões do império grego, pareceria eliminar
Roma, pois ela não se ajusta nem ao lugar, nem ao tempo. Ademais, o chifre
pequeno é descrito como um rei específico, não como um império. Portanto, como
Roma não cumpre estes requisitos fundamentais da profecia, examinemos a Antíoco
Epífanes para estabelecer se ele cumpre as especificações desta profecia.
Examinaremos o capítulo, versículo por versículo.
“De um dos chifres saiu um
chifre pequeno, e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a
terra gloriosa” (8:9).
Segundo Dan. 8:9, o chifre ataca primeiro
ao sul, logo ao leste, e em seu caminho ao leste ataca a terra gloriosa.
O reino de Antíoco Epífanes se centrava na
Síria, que estava situada ao norte de Israel. Note-se que, durante sua
carreira, Antíoco atacou somente em direção ao sul e a leste da Síria:
Ao sul – “Antíoco entrou no Egito, e combateu (seu rei)
Ptolomeu Filometor, tomou muitas cidades, e ficou em Alexandria; e com toda
probabilidade haveria submetido o país inteiro, se os romanos não o houvessem
detido enviando-lhe seu embaixador Popílio, que o obrigou a desistir e
afastar-se”. (Gill’s Exposition). As campanhas militares de Antíoco
contra o Egito são descritas em I Macabeus 1:19, 20:
Desta maneira, ocuparam as cidades fortes na terra do Egito, e ele tomou seus despojos, e depois que Antíoco havia atacado o Egito, regressou novamente no ano cento e quarenta e três e subiu contra Israel e Jerusalém com uma grande multidão.
Ao Leste – Em direção à Armênia e Pérsia, os atrópatas na
Média, e os países mais além do Eufrates, aos quais fez pagar-lhe tributo:
Porque estando muito perplexo, decidiu entrar na Pérsia para receber os tributos dos países, e reunir muito dinheiro. (I Macabeus 3:31).
Por esse tempo, viajando Antíoco por altas regiões, ouviu dizer que Elimas no país da Pérsia era uma cidade de grande renome por suas riquezas, sua prata, e seu ouro; e que havia nela um templo muito suntuoso, no qual havia coberturas de ouro e peitorais, e escudos, que havia deixado ali Alexandre, filho de Filipe, o rei da Macedônia, que reinou primeiro entre os gregos (I Macabeus 6:1, 2).
A Terra Gloriosa – Antíoco atacou inesperadamente a terra
de Israel, matando dezenas de milhões de judeus, na tentativa de esmagar a
religião judaica.
O campo de operações de Antíoco estava
precisamente nas três áreas que Daniel menciona. Isto não ocorre com Roma.
Muitas das maiores conquistas de Roma foram ao norte e ao oeste dela. Roma
conquistou grandes regiões do noroeste da Europa, as áreas que agora são
ocupadas pela Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Espanha e Portugal. Os
romanos conquistaram as regiões noroeste da África, que agora estão ocupadas
por Marrocos, Argélia e Tunísia. Roma foi claramente um poder que cresceu muito
em direção ao norte e em direção ao oeste. Portanto, Roma não pode ajustar-se
às especificações desta profecia.
Em seu livro 1844 Made Simple (1844 Simplificado), o escritor adventista
Clifford Goldstein argumenta que, em comparação com a Pérsia e Grécia, Antíoco
não “se engrandeceu sobremaneira”, e que, portanto, não pode haver sido o
chifre pequeno de Daniel 8:9. Uma leitura cuidadosa de Daniel 8:9 revela que a
profecia nunca o compara com outros poderes, mas somente diz que “se
engrandeceu muito” nas três direções: em direção ao sul, em direção ao leste, e
em direção à terra gloriosa. Antíoco não foi um chifre grande em um cenário
grande. Foi um chifre pequeno que desempenhou um grande papel em um cenário
pequeno. Sua conquista do Egito e seu ataque contra o judaísmo podem certamente
ser descritos como “extremadamente grande” no cenário da história do Oriente
Médio durante este período. Pode-se argumentar que, de todos os inimigos do
judaísmo, Antíoco Epífanes foi o que esteve mais perto de extirpar a religião.
Seu ataque contra o judaísmo somente pode ser descrito como “extremadamente
grande”.
Examinemos agora o versículo seguinte de
Daniel 8:
“Cresceu até atingir o exército
dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou” (8:10).
Este versículo não está falando de
seres celestiais, porque nenhum império, nem sequer Roma, lançou por terra
seres celestiais. Tanto a Bíblia como os apócrifos judeus usam uma linguagem
similar para descrever os sacerdotes e governantes do povo hebreu. Eis aqui
alguns exemplos:
·
Os filhos de
Jacó são descritos no sonho de José como estrelas. (Gênesis 37:9)
·
Em Isaías
24:21, os governantes judeus são chamados “no céu, as hostes celestes . . .”
·
Em II
Macabeus 9:10, se descreve a Antíoco como “o homem, que pensou um pouco antes
que poderia alcançar as estrelas do céu. . .”
“A alguns do exército e das
estrelas lançou por terra”. O chifre pequeno pareceu crescer até às
estrelas e retirou-as de seus lugares e as lançou por terra. Em cumprimento
disto, Antíoco derrubou e pisoteou os príncipes e os governantes e a hoste
santa, o exército de Deus. Tudo o que se entende aqui se cumpriu com o
acréscimo do que ele fez ao povo judeu. Ver I Macabeus 1 e 2 , Macabeus 8:2. “E
lhes extirpou” com indignação e desapreço. Nada poderia expressar melhor a
conduta de Antíoco com relação aos judeus. (pág. 345)
Agora examinemos o versículo seguinte de
Daniel 8:
“Sim, engrandeceu-se até ao
príncipe do exército; dele tirou o sacrifício costumado e o lugar do seu
santuário foi deitado abaixo”
(8:11).
Quem é “o
príncipe do exército?” Strong define “príncipe” (sar) como “cabeça,
capitão, chefe, general, governante, guarda, senhor, amo, príncipe, soberano,
administrador”. Portanto, o chifre pequeno se engrandeceria contra o cabeça,
capitão soberano do exército. Antíoco fez isto literalmente durante o seu
governo, quando o sumo sacerdote Onias foi exilado e, mais tarde, assassinado
da maneira mais cruel.
Ademais, Antíoco de maneira figurada se
engrandeceu contra o mais poderoso príncipe dos exércitos, Deus mesmo. A
alcunha Theo Antíoco o declarava como o esplendor radiante, em forma
humana, do divino, um deus manifestado em carne
(ver, The House of Seleucus, de Edwin Bevan, Tomo 2, p. 154).
Antíoco Epífanes lançou um cruel ataque
contra o santuário judeu e a religião judaica, com o intento de fazer
desaparecer a religião judaica. Proibiu o sacrifício costumado de cordeiros, e
profanou o santuário. O livro de Macabeus descreve como foi tirado o sacrifício
costumado e como foi desolado o santuário:
E em sua arrogância, entrou no santuário e tirou o altar de ouro e o candelabro e todo o mobiliário. . . . (I Macabeus 1:21).
O ataque de Antíoco contra a religião judaica foi a pior crise que enfrentaram os judeus entre o cativeiro babilônico no ano 606 AC. e a destruição de Jerusalém no ano 70 D.C. . Depois de dois anos, a situação no santuário piorou:
E derramaram sangue inocente por todo lado do
santuário, e profanaram o santuário mesmo. . . . O santuário se converteu em um
deserto desolado. . . . (I Macabeus 1:37, 39).
O objetivo de Antíoco era destruir a
religião judaica e fazer com que todo o povo da Palestina se unisse e adotasse
sua religião pagã sob pena de morte. Ordenou:
Então o rei escreveu a todo o reino dizendo que todos deveriam ser um só povo e que cada um deveria renunciar a suas práticas pessoais. . . e suspender as oferetas vivas e os sacrifícios e as libações no santuário. . . (I Macabeus 1:41, 42, 45).
Agora examinemos o versículo seguinte de
Daniel 8:
“O exército lhe foi entregue,
com o sacrifício costumado, por causa das transgressões; e deitou por terra a
verdade; e o que fez prosperou” (8:12).
A Bíblia diz
que estas calamidades vieram sobre os judeus “por causa das suas
transgressões”. Em outras palavras, foram os pecados dos judeus que trouxeram
sobre eles essa calamidade. Foram os judeus os que de fato tomaram a iniciativa
de helenizar Jerusalém. Uma delegação de judeus proeminentes veio a Antioquia,
pouco depois que Antíoco assumiu o poder, pedindo permissão para converter
Jerusalém em uma Antioquia e levantar o sinal distintivo de uma cidade
helênica—o ginásio. Mais tarde, depois que Antíoco deu posse a seu próprio sumo
sacerdote, o ginásio foi construído e logo fervilhavam jovens sacerdotes, que
perseguiam o ideal helênico de força e beleza física. (Ver,
Bevan, The House of Seleucus, tomo 2, pp. 168-181).
Agora examinemos os versículos seguintes:
“Depois ouvi um santo que
falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do
costumado sacrifício, e da transgressão assoladora, visão na qual era entregue
o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e
trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (8:13, 14).
Os adventistas afirmam que fazer com que os
acontecimentos nos dias de Antíoco se ajustem à cronologia da profecia requer
manipulação. Mas a cronologia de Antíoco se encaixa na profecia ainda melhor
do que a de Roma. Os adventistas aplicam o princípio de “dia por ano” a Daniel
8:14, afirmando que os 2300 dias equivalem a 2300 anos. Contudo, as palavras
hebraicas para “dia” (yowm e yamim) não aparecem no versículo. As
palavras traduzidas como “dias” (ereb boqer) significam literalmente
“tardes e manhãs”. Tendo em consideração que o contexto do versículo mesmo fala
do costumado sacrifício no templo, que tinha lugar cada manhã e cada tarde, a
única conclusão razoável é de que este versículo está falando do sacrifício
diário do templo. Certamente seria temerário aplicar o princípio de “dia por
ano” a todas as profecias em que se fala de “dias”.
·
Jonas disse
que Nínive seria destruída em 40 dias (Jonas 3:4), que não equivaliam a 40
anos.
·
Em Gênesis
3:6, Deus disse que haveria um período de 120 anos antes do dilúvio, os quais
não equivalem a 43.200 anos.
Portanto,
devemos ter cuidado quando aplicamos o princípio de dia por ano, especialmente
nos casos em que a palavra “dia” nem sequer aparece no texto hebraico, como em
Daniel 8:14.
A profecia dos 2300 dias teve um assombroso
cumprimento durante o terrível reinado de Antíoco. Poderia ser dito que Deus previu
esta terrível ameaça 400 anos antes do ocorrido, e enviou uma mensagem a Daniel
para que consolasse e assegurasse a Seu povo que Ele lhes daria finalmente a
vitória? Assombrosamente, Deus disse aos judeus precisamente por quanto tempo
seria profanado o seu santuário: 2300 sacrifícios da tarde e manhã seriam
suspensos enquanto o santuário era profanado.
Considerando que o ano judaico teria 360
dias, 2300 dias resultam em seis anos, três meses e vinte dias. Este período de
tempo começou no dia quinze do mês de Cisleu, no ano 145 dos selêucidas, no
qual Antíoco estabeleceu a Abominação Desoladora no altar de Deus:
No quinto e vigésimo dia do mês faziam sacrifícios sobre o altar do ídolo, que estava sobre o altar de Deus (I Macabeus 1:59).
Este foi o princípio de intenso sofrimento
para os israelitas que decidiram permanecer fiéis a Deus. Judas Macabeu se
sentia ultrajado pela injustiça que se estava cometendo contra o santuário de
Deus:
Ai de mim! Por que nasci para presenciar a ruína de meu povo e a ruína da santa cidade, e para estar sentado enquanto é entregue a seus inimigos e o santuário à estrangeiros? Seu templo veio a ser como um homem em desgraça. . . . Eis que nosso santuário e nossa beleza e nossa glória caíram assolados e os pagãos os profanaram (I Macabeus 2:7, 8, 12).
Macabeu se levantou e iniciou uma revolta
contra Antíoco. Durante mais de três anos, lutou e combateu contra Antíoco.
Finalmente, o período de 2300 dias terminou com sua vitória sobre Nicanor, no
dia 13 do mês de Adar, ano 151. Isto se encaixa com os 2300 dias como havia
predito Daniel. Na realidade, os judeus desse período reconheceram estes
acontecimentos como um cumprimento direto de Daniel 8.
Depois de sua vitória, quando Judas entrou
em Jerusalém, encontrou “o santuário assolado”. (I Mac. 4:38) Imediatamente,
deu instruções para que o santuário fosse reconstituído e purificado para que
pudesse ser usado novamente para os serviços sagrados (Mac. 4:41-51). Os judeus
comemoravam o triunfo de Judas com uma festividade anual chamada a Festa da
Dedicação (o “Hannukkah”). O Salvador honrou esta festividade com a Sua
presença (João 10:22).
O Santuário foi “purificado” por Judas
Macabeu quando limpou os lugares santos, santificou os átrios, reconstruiu o
altar, renovou os utensílios do santuário, e pôs tudo em seu devido lugar:
Então Judas designou a certos homens para combater os que estavam na fortaleza, até que houvesse purificado o santuário. Escolheu sacerdotes de irrepreensível conversação, que se contentavam na lei, os quais purificaram o santuário e lançaram as pedras contaminadas em um lugar impuro. Quando consultados sobre o que fazer com o altar do holocausto que havia sido profanado, lhes pareceu melhor derrubá-lo para que não fosse reprovado por eles por causa de haver sido profanado pelos pagãos. Assim, o derrubaram e puseram as pedras em um lugar conveniente na colina do templo, até que viesse um profeta e lhes mostrasse que fazer com elas. Logo tomaram pedras inteiras de acordo com a lei, e levantaram um novo altar como o anterior e construíram o santuário e fabricaram as coisas que havia dentro do templo e santificaram os átrios. Também fabricaram taças novas e trouxeram ao templo o candelabro e o altar do holocausto e o de incenso e a mesa. E queimaram incenso sobre o altar, e acenderam as lâmpadas que estavam sobre o candelabro para que iluminassem o templo. Ademais, puseram os panos sobre a mesa, e estenderam os véus e terminaram todas as obras que haviam começado a fazer (I Macabeus 4:41-51).
Desta maneira, podemos ver um
impressionante cumprimento da profecia quando Judas Macabeu purificou e
recuperou o santuário de Deus.
Que significa “purificado”?
Ao final da profecia dos 2300 dias o
santuário seria purificado. A palavra hebraica para “purificado” se usa
41 vezes no Antigo Testamento, e Daniel 8:14 é a única vez que se traduz como
“purificado”. Na realidade, a palavra significa “recuperar” ou “justificar”.
Note-se a definição de Strong:
06663 tsadaq – uma raiz primitiva; TWOT – 1879; v
AV – justificar 23. Justo 10. Justiça 2. Purificado 1. Limparmos a nós mesmos 1. Retidão 1: 41
ser justo. Seja justo
1a) (Qual)
1a1) ter uma causa justa. Estar no correto
1a2) ser justificado
1a3) ser justo ( de Deus)
1a4) ser justo. Ser reto. (em conduta e caráter)
1b) (Niphal) por ou fazer reto. Ser justificado
1c) (Piel) justificar. Fazer aparecer correto. Fazer o correto a alguém
1d) (Hiphil)
1d1) Fazer o trazer justiça (ao administrar a lei)
1d2) declarar justo. Justificar
1d3) Justificar. Recuperar a causa de. Salvar
1d4) Fazer correto. Voltar-se para a retidão
1e) (Hithpael) Justificar-se
Note-se como se traduz em outras versões da
Bíblia (em inglês):
Tradução de Darby (1889): E me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; logo o santuário será restaurado.
Tradução Literal de Young (1993): E me disse: Duas mil e trezentas tardes e manhãs; logo o santuário será restaurado.
Versão King James Moderna (1993): E me disse: Duas mil e trezentas tardes e manhãs; logo o santuário será restaurado.
Tradução Literal de Young (1898): E me disse: Até tardes manhãs duas mil e trezentas, então o lugar santo será declarado correto.
O santuário está sendo recuperado de haver
sido pisoteado e derrubado pela Abominação Desoladora. A Abominação
Desoladora começou quando Antíoco Epífanes profanou o templo de Deus oferecendo
sacrifícios a ídolos sobre o santo altar de Deus.
Durante a época de Jesus, as ações de
Antíoco Epífanes estavam ainda frescas na mente do povo. Entenderam que Antíoco
Epífanes era a Abominação Desoladora. O historiador judeu Josefo, um
contemporâneo de Jesus, escreveu sobre Antíoco:
E
esta desolação ocorreu de acordo com a profecia de Daniel, que havia sido
pronunciada 408 anos antes; porque declarou que os macedônios dissolveriam esse
culto por algum tempo. (Antiquities of the
Jews, p. 260).
Jesus Se referiu à abominação no livro de
Daniel para advertir
seus seguidores que uma desolação semelhante havia de acontecer à nação judaica
no futuro:
Portanto, quando virdes no lugar santo a
abominação desoladora de que falou o profeta Daniel (o que lê, entenda), então
os que estão na Judéia, fujam para os montes (Mat. 24:15-16).
Essa
abominação teve lugar no ano 68 AD quando os exércitos romanos, dirigidos por
Céstio, sitiaram Jerusalém, colocando seus estandartes dentro da área sagrada
que se estendia mais além dos muros do templo, profanando-o. Os cristãos
reconheceram isto como o sinal para partir de Jerusalém, e quando Céstio
afastou-se temporariamente daquele lugar, os cristãos saíram, e nem um só
cristão morreu na subseqüente destruição de Jerusalém por Tito no ano de 70 AD.
Examinemos agora os versículos seguintes
pertinentes a Daniel 8:
“Veio, pois, para perto donde eu estava; ao
chegar ele, fiquei amendrontado, e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me
disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim” (8:17).
“E disse: Eis aqui te farei saber o que há
de de acontecer no último tempo da ira; porque esta visão se refere ao tempo
determinado do fim” (8:19).
Devemos ter
consciência de que “o tempo determinado do fim” não é o mesmo que “o fim do
tempo”. Antes, refere-se ao fim do período particular associado com esta
profecia. Neste caso, é indicado claramente “o fim da ira”, a saber, das
aflições que foram permitidas sobrevir ao povo judeu.
Examinemos a seguir a explicação de Gabriel
da visão em Daniel 8:
“Aquele carneiro que viste com dois chifres
são os reis da Média e da Pérsia” (8:20).
“Mas o bode peludo é o rei da Grécia; o
chifre grande entre os olhos é o primeiro rei” (8:21).
“O ter sido quebrado, levantando-se quatro
em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não
com força igual à que ele tinha” (8:22).
“Mas, ao fim do seu reinado, quando os
prevaricadores acabarem, levantar-se-á um rei de feroz catadura e entendido de
intrigas” (8:23).
No versículo
23 descobrimos que o poder do chifre pequeno surgiria “ao fim do seu reinado”.
Isto se refere aos últimos tempos das quatro divisões do império grego, pouco
antes de que fossem conquistadas por Roma. As quatro divisões começaram na
batalha de Ipso no ano de 301 AC. O reino da Macedônia caiu no ano 168 AC, o de
Cassandro no ano 146 AC, o dos Selêucidas (sobre o qual governava Antíoco), no
ano 65 AC. O de Ptolomeu durou até o ano 30 AC. Considerando que o reino
quádruplo deixou de existir quando a Macedônia caiu no ano 168 AC, a profecia
requer que o chifre pequeno surja pouco antes desse ano. Antíoco reinou do ano
175 AC até o ano 164 AC.
Gill comenta
sobre este versículo:
Ele
(Antíoco) era “duro de semblante”, como se pode traduzir; um homem insolente e
descarado, no qual não havia nem vergonha nem temor; não respeitava nem a Deus
nem aos homens; cometia os mais atrozes crimes da maneira mais pública; e em
particular era atrevido e insolente em suas blasfêmias contra Deus e a
verdadeira religião; e também pode significar que era cruel, bárbaro, e
desumano, especialmente para os judeus, como o prova abundantemente sua perseguição
contra eles; e o fato de que era “entendido em enigmas”, que sabia tanto propor
como resolver, mostra que era sagaz e astuto, bom e conhecedor em artes e
táticas malvadas; possuía a arte de bajular e enganar os homens; foi por meio
do engano e da astúcia que obteve o reino de seu sobrinho; por meio da malvada
arte da persuasão, que dominava, seduziu a muitos dos judeus para que
renunciassem a sua religião e abraçassem o paganismo; e era tão hábil em
políticas malvadas, que sabia ocultar seus próprios desígnios e penetrar nos
secretos alheios; segundo Jaquíades, era destro na arte da magia e da
astrologia.
Agora
continuemos com a explicação de Gabriel da visão em Daniel 8:
“Grande
é o seu poder se fortalecerá, mas não por sua própria força; causará estupendas
destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o
povo santo” (8:24).
Antíoco era
“poderoso”, embora não tanto como o chifre grande, Alexandre. A profecia disse
que Antíoco não era poderoso com força própria. Isto mostra que as calamidades
que atraiu sobre os judeus eram por direção e disposição divinas. Este grande
poder lhe foi dado para que fosse instrumento nas mãos de Deus para castigar os
judeus por seus pecados. Uma situação semelhante ocorreu muito antes na história
de Israel, quando Deus enviou Elias a ungir um rei sírio (I Reis 19:15), que
mais tarde faria estragos a um Israel rebelde (II Reis 13:3, 22).
A maneira
pela qual Antíoco arrasou a santa cidade e massacrou a muitos hebreus é um
notável cumprimento da profecia de que “causará estupendas destruições,
prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo”.
Prossigamos
com a explicação de Gabriel da visão em Daniel 8:
“Por
sua astúcia nos seus empreendimentos fará prosperar o engano, no seu coração se
engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á
contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas”
(8:25).
A profecia
diz que Antíoco “destruirá a muitos que vivem despreocupadamente”. Isto se
refere a sua política de conservar sempre a aparência de amizade em relação aos que queria destruir. Desse modo podia
melhor levar a cabo seus propósitos,
enquanto seus inimigos estavam confiantes (ver Notes on Daniel, de
Albert Barnes, pp. 354-355).
A profecia
diz que “será quebrado sem esforço de mãos humanas”. Esta é uma espantosa
profecia que indica como morreria Antíoco. Note-se como se cumpriu esta
profecia:
Mas
o Senhor Todo Poderoso, o Deus de Israel, o castigou com uma peste incurável e
invisível; pois, tão logo havia pronunciado estas palavras, lhe sobreveio uma
dor nas entranhas que não lhe saía e um penoso tormento de suas partes
internas. Tudo isso era o mais justo, porque ele havia atormentado as entranhas
de outros homens com muitos e estranhos tormentos. Sem demora, não cessava de
vangloriar-se, e estava todavia cheio de orgulho, respirando fogo em sua ira
contra os judeus e ordenando-lhes apressar a viagem: sucedeu, contudo, que caiu
da carruagem que sacudia violentamente; caindo, pois, todos os membros de seu
corpo ficaram muito doloridos. E assim, o que pouco antes pensava que podia dar
ordens à beira mar (era orgulhoso mais além de
sua condição) e pesar as altas montanhas em uma balança, foi lançado ao solo, e
levado em uma maca ao lombo de um cavalo, mostrando a todos o manifesto poder
de Deus. De tal maneira que os vermes saíam do corpo desse homem ímpio, e
enquanto vivia em aflição e dor, sua carne caía, e a imundícia de seu fedor era
repulsiva a todo seu exército.
E por
causa de seu fedor intolerável, ninguém podia suportar transportar o homem que
pouco tempo antes pensava que podia alcançar as estrelas do céu. Então,
infectado, começou a abandonar seu grande orgulho, e vir ao conhecimento de si
mesmo por meio do chicote de Deus, enquanto sua dor aumentava a cada momento. E
quando já não podia suportar seu próprio fedor, disse estas palavras: “Há que
submeter-se a Deus, um homem mortal não deve considerar-se a si mesmo,
orgulhosamente, como se fosse Deus . . .” Assim, o assassino e blasfemo,
havendo sofrido o mais dolorosamente, enquanto suplicava a outros homens,
morreu uma morte miserável em um país estranho nas montanhas (II Macabeus
9:5-12, 28).
Albert Barnes
acrescenta:
Todas
as declarações de sua morte, pelos autores dos livros dos Macabeus, por Josefo,
por Políbio, por Q. Curcio, e por Arriano, concordam em representá-la como
acompanhada de cada uma das circunstâncias de horror que muito bem pode
supor-se estarem presentes numa partida deste mundo, e tendo todas as marcas
distintivas do justo juízo de Deus. A divina predição de Daniel, de que sua
morte seria “não por mãos humanas”, no sentido de que o instrumento não seria
humano, senão que sua morte seria infligida diretamente por Deus, se cumpriu
plenamente. (Notes on Daniel, p. 355).
Antíoco Epífanes e Daniel 11
A evidência
mais convincente de que Daniel 8 está falando de Antíoco Epífanes é o fato de
que Daniel 11 explica Daniel 8 com grande detalhe, e que o chifre pequeno é
interpretado desde o versículo 21 em diante. Embora Urias Smith tentasse
acomodar a história para que se ajustasse à profecia, sua explicação não é
senão uma parodia. Somente Antíoco se ajusta a suas especificações.
Durante a
Conferência Bíblica de 1919 dos dirigentes adventistas, houve uma prolongada
discussão sobre Daniel 11:
WIRTH:
Parece-me que Antíoco Epífanes era realmente a grande figura neste capítulo.
W.
C. LACEY: Paráfrases de Daniel 11 vrs. 21. “E em seu
tempo (o de Seleuco Filopáter) se levantará (reinará) uma pessoa desprezível
(Antíoco Epífanes 176-164) ao qual não darão (não oferecerão) a honra do reino
(a soberania, porque Teliostarnes fazia um complô para obtê-lo; também
Demétrio; outro partido favorecia a Ptolomeu Filométor) mas tomou o reino
(acendeu ao trono da Síria por cima dos outros) com adulações (Euménides, rei
de Pérgamo, e Átalo, os sírios, os romanos): assim, ele (Antíoco Epífanes)
chegou sem aviso, e se apoderou do reino mediante adulações. Versículos 22, 23.
E como uma inundação, as forças inimigas (Hiliodoro, Ptolomeu, Filométor) serão
varridas diante dele (Antíoco Epífanes) e serão destruídos (derrotados) junto
com o príncipe do pacto (Onías III, deposto do sumo sacerdócio no ano 176 AC, e
mais tarde assassinado). E depois do pacto com ele (entre Antíoco Epífanes e
Jasón, o novo sumo sacerdote) (Jasón) ele (Antíoco) enganará (depondo a Jasón e
elevando a seu irmão Menelau a posição de sumo sacerdote), e ele (Antíoco)
subirá (acenderá a soberania) e sairá vencedor com pouca gente (seus poucos
colaboradores) versículo 24. Estando a província (as regiões altas, também
Sele-Síria e Palestina) em paz e abundância, ele (Antíoco Epífanes) entrará e
fará o que não fizeram seus pais, nem os pais de seus pais (despojar altares e
templos); despojos e riquezas (dos altares, templos, amigos e inimigos etc.)
repartirá a seus soldados. Versículo 25. E ele (Antíoco Epífanes) despertará
suas forças (171 AC) e seu ardor contra o rei do sul (Ptolomeu Filométor) com
grande exército (“uma grande multidão”); e o rei do sul (Ptolomeu Filométor) se
empenhará na guerra com exército grande e muito forte (“muitos, e extremamente
fortes” Newton) mas ele (Ptolomeu Filométor) não prevalecerá (“teve medo e
fugiu”): porque lhe trairão (Eulaco, seu ministro, Macrón, um premier).
Versículo 26. Ainda os que comam de seus manjares (os de Ptolomeu) (seus
ministros, Eulaco, Macrón) lhe quebrantariam (por meio da traição), e seu
exército (o de Ptolomeu) será destruído, e cairão muitos mortos.
A.
G. DANIELLS: Que significa esta destruição?
H.
C. LACEY: Dispersaram-se e foram derrotados. Esta é a
linguagem em I Macabeus 1:16-19. (Lê). A linguagem em Daniel e em Macabeus se
parecem muito. (Continua lendo em Daniel): Versículo 27: O coração destes dois
reis será para fazer mal, e em uma mesma mesa falarão mentira; mas não servirá
de nada, porque o prazo ainda não haverá chegado.
Chegando
a Memphis, Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor comeram e conversaram juntos
“em uma mesma mesa”, fazendo ver Antíoco que favoreceria a causa de Ptolomeu
contra a usurpação de seu irmão Fisón. Assim, Antíoco simula aderir à causa de
seu sobrinho mais velho contra seu irmão, Ptolomeu culpa pela campanha inteira
a Eulaso–que lhe havia traído–e professa uma grande obrigação a seu tio
Antíoco. Mas estas demonstrações de amizade eram “mentiras”. Tão logo Antíoco
se retirou, os dois irmãos, Ptolomeu e Fisón, fizeram as pazes e se puseram de
acordo para reinar conjuntamente.
Agora
leiamos nas Escrituras os nomes destes reis: O coração destes dois reis
(Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor) será para fazer mal (cada um deles
esperando enganar um ao outro), e em uma mesma mesa falaram mentira (em
aparente amizade), mas (essa paz sobrecarregada entre eles) não servirá de
nada. . .
Versículo
28: E voltará a sua terra com grande riqueza, e seu coração será contra o pacto
santo; fará sua vontade, e voltará a sua terra. Essa é a profecia.
Antíoco,
esperando que os irmãos egípcios se destruíssem mutuamente em uma guerra civil,
regressou para a Síria. Levou com ele imensos tesouros dos povos egípcios
capturados. Daniel diz: “voltará . . . com grande riqueza”. A história diz que
se apoderou de todos os despojos dos povos egípcios capturados. Em I Macabeus
1:19, 20 é dito: “Capturaram as cidades fortes na terra do Egito, e tomou os
despojos deles”. Isso é história.
Note-se
que Daniel diz que “seu coração será contra o pacto santo”. O versículo
seguinte em Macabeus diz: “E depois de que Antíoco havia esmagado o Egito,
voltou no ano 143 (que é o ano 169 AC) e subiu contra Israel e Jerusalém com
grande multidão, e se apoderou do altar de ouro, e do candelabro, e de todos os
copos, e da mesa dos pães da proposição, e das taças das libações, e dos
utensílios, e dos incensários de ouro, e o véu, e as coroas, e os ornamentos de
ouro que estavam diante do templo, todos os quais arrancou. Tomou também a
prata e o ouro e as taças preciosas; também tomou os tesouros escondidos que
encontrou. E quando os levou, entrou em sua própria terra, havendo feito um
grande massacre e falou com muito orgulho”.
Esta
é a história. A profecia diz: “E seu coração será contra o pacto santo”.
Enquanto estava no Egito, circulou um falso rumor sobre sua morte.
Imediatamente depois, Jasón, o ex-sumo sacerdote–ao qual Antíoco havia
deposto–regressou a Jerusalém e expulsou seu irmão Menelau do posto.
Antíoco,
crendo que a nação se havia rebelado, e ouvindo que se regozijavam pela notícia
de sua morte, tomou Jerusalém com um grande exército, tomou por assalto a
cidade e descarregou sua ira contra os judeus. Matou 40.000 deles, e vendeu
40.000 mais, profanou o templo, ofereceu carne de porco sobre o altar de Deus,
restaurou Menelau ao sacerdócio e nomeou governador a Felipe, um bárbaro. “Fará
sua vontade, e voltará a sua terra”, tal como se havia predito.
PROF.
ANDERSON: Que versículo
o senhor cita quando fala da profanação do templo, como diz a história?
PROF.
LACEY: No capítulo 11. O versículo 30 fala da profanação do
templo. Mas chegaremos a isso um pouco mais adiante. A carreira de Antíoco
Epífanes é muito semelhante ao que se predisse do chifre pequeno. Somente
para ilustrar: As coisas ditas do chifre pequeno podem aplicar-se a Antíoco
Epífanes. Ele é o undécimo da linha, três foram arrancados, matou os santos do
Santíssimo, mudou a lei do Altíssimo; lhe foram entregues coisas em sua mão por
um tempo, e tempos, e metade de um tempo, que são três anos e meio. Assim que,
suponhamos que o senhor e eu houvéssemos vivido nesse tempo, haveríamos pensado
que a profecia se estava cumprindo. . . . Mais tarde, Antíoco descarregou seu
desprezo sobre os desafortunados judeus, despachando a Apolônio com 20.000
homens a Jerusalém, os quais mataram grandes multidões, saquearam a cidade,
derrubaram casas e muros, assassinaram aos que atendiam aos serviços no templo,
e profanaram o Lugar Santo, de maneira que o serviço inteiro se interrompeu, a
cidade ficou vazia de judeus, e somente ficaram estrangeiros. À sua chegada em
Antióquia, publicou um decreto obrigando todos a conformar-se com a religião
grega, sob pena de morte. Assim foi abolida a lei judaica, e no templo mesmo se
estabeleceu o culto pagão.
PERGUNTA: Em
que data foi isso?
RESPOSTA: No
ano 168 AC.
PROF.
LACEY: “Puseram sobre o altar a abominação desoladora. Ofereceram
sacrifícios sobre o altar dos ídolos, que estava sobre o altar de Deus”. I
Macabeus 1:54, 59. Os senhores notem que eles puseram a abominação desoladora
no Lugar Santo. A mesma linguagem da Bíblia diz: “A abominação desoladora” é
posta no templo; e isto é história.
Daniel 8 e Daniel 11
Qualquer que
tente interpretar Daniel 8 sem a interpretação angélica do capítulo 11 não
conseguirá muito. E permita-nos destacar que o intento de Urias Smith de fazer
encaixar Roma no Capítulo 11 como cumprimento de versículos como o 11:21 é uma
paródia. Os detalhes destes versículos se encaixam somente com uma
pessoa–Antíoco Epifanes.
Algumas vezes
esquecemos que Daniel escreveu para o povo judeu. Daniel escreveu para advertir
os judeus da maior crise que haveria de sobrevir ao povo de Daniel entre o
tempo do cativeiro na Babilônia e a destruição de Jerusalém no ano 70 DC: o
ataque homicida de Antíoco Epífanes contra os judeus. Deus nunca deixou Seu
povo sem aviso quanto a futuras situações de urgência. O livro de Daniel,
prediz que as calamidades teriam lugar sob o tirano sírio.
Sabendo que
os capítulos 11 e 12 transcorrem sobre o mesmo terreno que o capítulo 8,
podemos nos perguntar que equivalências proporcionam estes capítulos para
8:10-14. Ajuda-nos o paralelismo entre o 8 e o 11 a entender melhor a passagem
em 8:14? Comparemos a profecia do templo de Daniel 8 com a profecia do templo
em Daniel 11. O tema de cada passagem é o mesmo. Daniel 8 está expandido em
Daniel 11. Em cada um deles um poder blasfemo e conquistador vem contra o povo
do pacto santo. Em ambos, o Príncipe do pacto, seu santuário, e os adoradores
são derrubados. Em ambos se promete que essa iniqüidade não prevalecerá para
sempre, porquanto Deus decidiu vindicar a Seu povo e à verdade, e derramar sua
indignação sobre o opressor idólatra e perseguidor. Esta vindicação, sem
demora, não há de ter lugar senão até “o tempo do fim” (Daniel 8:17; 11:35, 36)
depois de 2300 dias.
A purificação
do santuário desde a profanação em Daniel 8:14 corresponde à profanação do
santuário mencionada em Daniel 11:31. Um exame da palavra hebraica equivalente
a “profanar”, e um estudo de seus sinônimos e seus antônimos, fornece muita luz
sobre o significado da palavra traduzida como “purificado” em Daniel 8:14. É
impossível exagerar o fato de que Daniel 11:31 está dizendo, em diferentes palavras
o mesmo que Daniel 8:9-13, e que, portanto, pode-se ter uma compreensão mais
ampla de Daniel 8:14 por meio da segunda descrição expandida da situação que
torna necessária a “purificação”.
O Terrível Dilema Adventista
Daniel
8:11-12 diz que o “chifre pequeno” foi o que “lançou por terra” o santuário. O
contexto de Daniel 8, é o “chifre pequeno” o que causa tal desordem no
santuário que necessita ser purificado e vindicado.
Eis aqui o
terrível dilema adventista: Os adventistas afirmam que a “purificação do
santuário” refere-se ao processo do Dia da Expiação de Levítico 16, no qual os
pecados de Israel eram purificados pelo sangue de Cristo.
Infelizmente,
em parte alguma de Daniel 8 se tem os pecados de Israel como os que profanam o
Santuário. Pelo contrário, é o poder do “chifre pequeno” o que assolou o
Santuário! Portanto, a purificação do Santuário, como se descreve em Daniel 8,
não pode referir-se ao Dia da Expiação, antes, refere-se à restauração do
santuário, que havia sido pisoteado pelo poder do chifre pequeno!
Isto põe os
adventistas num terrível dilema! Daniel 8 diz que o Santuário foi profanado
pelo chifre pequeno; contudo, os adventistas dizem que foi contaminado pelos
pecados do povo de Deus! É impossível que ambas afirmações sejam corretas. Ou o
Santuário foi contaminado pelo chifre pequeno (como descreve Daniel 8) ou foi
profanado pelos pecados do povo de Deus. Por qual dos dois o foi?
O erudito
adventista Dr. Raymond Cottrell explica o terrível dilema adventista:
O
contexto de Daniel 8:14 atribui a profanação do santuário ao chifre pequeno. A
interpretação adventista a atribui à transferência dos pecados confessados ao
santuário celestial pelo ministério sacerdotal de Cristo. Então, pretender,
diante de nós mesmos, que a interpretação adventista lê Daniel 8:14 no contexto
seria identificar o chifre pequeno com Cristo. Em outras palavras, não
podemos ter ao mesmo tempo o contexto e a interpretação adventista pelo que
concerne à Bíblia. (Cottrell, como aparece citado em Daniel 8:14, por Desmond
Ford, págs. A. 115, 116).
Se vamos ser
coerentes com a lógica adventista dizendo que a purificação do santuário era o
Dia da Expiação, então somos obrigados a chegar à conclusão de que Cristo e
Seu povo são o poder do chifre pequeno que contaminou o santuário! Esta é
uma conclusão herética e coloca os adventistas num dilema do qual é impossível
de se desembaraçarem.
As
Objeções Adventistas Refutadas
Nasce do vento o Chifre Pequeno de Daniel 8?
Alguns
eruditos adventistas reconhecendo que o chifre pequeno não surgiu da Grécia,
como indica o símbolo do bode, sugerem que o chifre pequeno sai de um dos
“quatro ventos” do céu, antes que de um dos quatro chifres. Afirmam que o
hebraico permite a possibilidade dessa interpretação.
Daniel 8:8, 9
“. . . saíram quatro chifres notáveis para os quatro ventos
do céu. De um dos chifres saiu um chifre pequeno. . .”
Em hebraico,
as palavras podem ser do gênero feminino, masculino, ou neutro. Em Daniel 8:9,
a palavra “eles” está no gênero masculino.
Posto que a palavra “chifres” é feminina, e a palavra “ventos” pode ser ou
masculina ou feminina, os eruditos adventistas indicaram que a palavra “eles”
deve referir-se a “ventos”. Portanto, argumentam, o chifre pequeno surgiu de um
dos quatro ventos. Contudo, há um problema com isso. A palavra “um” é feminina “o que parece ligá-la à feminina
“chifres”. Se vamos olhar somente a lingüística, não podemos estabelecer com
certeza se o chifre pequeno surgiu dos ventos o de outro chifre.
Assim, temos
que buscar outra evidência. O chifre representa um poder real, e seria
inusitado encontrar um poder real não associado com um corpo (um reino).
Pareceria estranho que a um profeta fosse dada uma visão mostrando uma
seqüência de eventos que têm que ver com Alexandre, o Grande, a seguir o
desmembramento do império grego em quatro partes, e então o surgimento do
chifre pequeno. O chifre pequeno não surge do império grego. Aparentemente o
império grego proporciona o pano de fundo para o surgimento do chifre pequeno,
ou do contrário, por que iria ser mencionado?
A idéia de um
chifre surgindo do vento não só parece estranha, como viola a unidade visual do
símbolo. Note-se a seqüência da visão:
·
O bode aparece com um grande chifre entre os olhos
·
O chifre do bode é quebrado
·
Em seu lugar surgem quatro chifres
·
De um destes quatro chifres sai outro chifre
·
Todos os chifres estão ainda unidos ao corpo do bode
(Grécia)
Em nenhuma
parte do livro de Daniel (ou de Apocalipse) encontramos que um chifre surja do
vento, desprendido de um corpo! Os chifres não nascem do vento! Os chifres
representam reis ou divisões de um reino. A besta ao reino mesmo. Um chifre
desprendido de um corpo representaria um rei sem reino!
Permite o
hebraico interpretar o texto com o sentido de o chifre surgir do vento? Isso é
debatível. Mesmo que sim, o hebraico também permite a interpretação de que
surge de um dos chifres. Agora, deve-se fazer uma pergunta: Que interpretação
tem mais sentido? Um chifre que surge de um chifre existente? Ou um chifre que
nasce do vento? A única que faz sentido é a de um chifre que sai de um dos
quatro chifres existentes.
Fracassou Gabriel em sua missão?
Guilherme
Miller, e depois Ellen White, Urias Smith, e outros adventistas do sétimo dia,
com a intenção de ligar Daniel 8 a Daniel 9, afirmaram que Gabriel foi enviado
novamente a Daniel, 11 anos depois, para explicar-lhe novamente a visão de
Daniel 8. Asseguram que a última parte de Daniel 9 é uma explicação adicional
de Daniel 8. Para fazer semelhante afirmação, devemos primeiro supor que Gabriel
fracassou a primeira vez. Em Daniel 8:16, uma voz ordena: “Gabriel, mostre a
este a visão”.
Se Gabriel
deixou de fazer entender a Daniel a visão, então desobedecera a Deus. Ademais,
isto tornaria Gabriel culpado de praticar o engano, porque no versículo 19
disse a Daniel: “Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo”.
Fracassou Gabriel? Se alguém é um cristão na Bíblia, então deve crer que
Gabriel obedeceu à ordem de fazer entender a Daniel a visão, e tem que crer nas
palavras do próprio Gabriel de que faria Daniel saber. Portanto, não há razão
para que Gabriel regresse 11 anos depois para explicar uma visão que já havia
conseguido explicar.
É Daniel 9 uma expansão de Daniel 8?
Argumenta-se
que parte da visão de Daniel 8, que pertence à visão (hebreu mar’eh)
“das tardes e manhãs” (versículo 26) não se incluiu nas explicações de Gabriel,
e que, por isso, Gabriel regressou para terminar de explicar essa porção da
visão de Daniel 9.
A posição
adventista é que, em razão de a palavra hebraica para “visão” (chazown)
ser usada em Daniel 9:21 e 24, e outra palavra, mar’eh, ser empregada no
versículo 23, isto indica uma ligação entre a “visão” (mar’eh) de Daniel
9:23 e a “visão (mar’eh) de Daniel 8:26. A alegação é de que foi a
palavra mar’eh das “tardes e manhãs” o que Daniel não entendeu.
Em Daniel 8,
o termo “visão” se traduz de duas palavras hebraicas: mar’eh e chazown.
Diferem ligeiramente em seu significado, mas ambas se referem à mesma visão
quando se usam juntas dentro do mesmo capítulo:
“A
visão (mar’eh) da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu,
porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes” (Dan.
8:26).
Se Gabriel
disse a Daniel para preservar a visão (chazown), não seria lógico
concluir que quando regressou supostamente para explicar a visão (mar’eh)
no capítulo 9, a visão (chazown) ainda estaria preservada?
A posição
adventista fica refutada quando consideramos que Gabriel foi a Daniel
obedecendo à ordem de Deus (ou de Jesus Cristo), o qual lhe ordenara: “Gabriel,
dá a entender a este a visão (mar’eh)” Dan. 8:16. Todavia, é-nos dito
que esta é a mesma parte da visão (mar’eh) que Daniel não entendeu! Como
se discutiu mais acima, se isto é certo, então Gabriel deixou de obedecer a
Deus!
Que confuso
pode ser isto? Os adventistas ensinam que em Daniel 8:26 (primeira parte) a
palavra “visão” (mar’eh) se refere a alguma parte da profecia em Daniel
8 que seria explicada a Daniel 11 anos mais tarde, enquanto a “visão” (chazown)
do mesmo versículo (última parte) se refere a outra parte da visão completa.
Esta interpretação não faz sentido algum.
Qual é a
verdade? No capítulo 9, encontramos que Daniel estava estudando os escritos do
“profeta Jeremias” (Dan. 9:2). O centro da atenção de Daniel era a profecia de
Daniel em relação com o cativeiro de 70 anos dos judeus. Quando Gabriel
instruiu a Daniel “entende a visão” (Dan. 9:23), referia-se à visão de
Jeremias. Gabriel não se referia a uma visão que havia ocorrido 11 anos antes,
uma visão que ele já havia explicado, uma visão que já havia dito a Daniel que
preservasse!
É a profecia das 70 semanas “cortada” da profecia
dos 2300 dias?
Afirma-se que
o uso da palavra “determinadas” no texto que diz: “Setenta semanas estão determinadas
sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade” (Dan. 9:24), significa que as 70
semanas (490 anos) são cortadas de um período muito mais longo, a saber, os
2300 anos.
As palavras
“determinar” e “determinado” se definem na Concordância Analítica de Young
assim: “Marcar de antemão, dizer, ser determinado, aconselhar, ser aconselhado,
desatar, julgar/decidir, arrumar, determinar/ mover repentinamente/ ser
cortado, por/posto, completar/terminar/determinar”.
É uma pobre
exegese considerar somente um significado de uma palavra num esforço por
estabelecer um fundamento doutrinal quando é bem evidente, como neste caso, que
a palavra “determinadas” tem vários significados. O significado mais evidente é
o de que Deus decretou determinado período de tempo, além do qual a nação
judaica deixaria de ser reconhecida como seu povo santo. Se os 490 anos serão
cortados de algum outro período, então por que das 2300 tardes e manhãs? Por
que não cortá-los da profecia dos 1260 dias, ou da profecia dos 1290 dias, ou
da profecia de 1335 dias? Como sabemos que a profecia das 70 semanas não é
cortada do meio ou do extremo da profecia dos 2300 anos?
A razão por
que Guilherme Miller cortou a profecia das 70 semanas da profecia dos 2300 dias
é que ele necessitava de um ponto inicial para sua profecia dos 2300 anos. Na
Bíblia não há nenhuma data inicial, assim, Miller a uniu à profecia das 70
semanas para poder ter uma data inicial para os 2300 anos. No entanto, não faz
absolutamente qualquer sentido iniciar a profecia dos 2300 dias no ano 457 AC
porque o santuário não foi assolado senão centenas de anos mais tarde.
A profecia dos 2300 anos está construída inteiramente sobre
suposições:
1. Devemos supor
que as tarde e manhãs na realidade significam dias.
2. Devemos supor
que o princípio de dia por ano se aplica as 2300 tarde e manhãs.
3. Devemos supor
que Gabriel regressou 11 anos mais tarde para explicar a Daniel uma visão que
já lhe havia explicado.
4. Devemos supor
que Gabriel não se proporia fazer que Daniel selasse a visão inteira de Daniel
8–que Gabriel planejava regressar 11 anos mais tarde para explicar-lhe parte
dela.
5. Devemos supor
que Gabriel regressou para falar com Daniel sobre a visão que este havia
recebido 11 anos antes, embora Daniel estivesse pedindo a Deus para entender
uma profecia inteiramente diferente–a profecia de Jeremias dos 70 anos.
6. Devemos supor
que a palavra “determinadas” significa na realidade “cortadas”.
7. Devemos supor
que a profecia das 70 semanas é “cortada” do começo da profecia dos 2300 anos,
e não da metade nem do extremo dela.
8. Devemos supor
que a profecia dos 2300 dias começou no ano 457 AC., ainda que nada relacionado
com a assolação do santuário ocorreu, nem nesse ano nem nos três séculos
seguintes.
Crê ser sábio
aceitar uma doutrina fundamental construída sobre tantas e tão débeis suposições?
As doutrinas devem ser firmadas sobre fatos, não suposições. Os fatos são que o
chifre pequeno representa Antíoco Epífanes, que a profecia se cumpriu
literalmente, e que quase todos os eruditos bíblicos (judeus, cristãos, e até
alguns adventistas) nos últimos 2000 anos têm reconhecido a Antíoco como o
cumprimento da profecia.
Fontes:
Daniel 8:14, por Desmond Ford.
The 2300 – day Prophecy of Daniel 8
(A Profecia dos 2300 Dias de Daniel 9), Bible Advocate Press
Exposition of the Bible por
John Gill.